3 de out. de 2007

Lindo Poema


"...Antes de ser Mãe
Ninguém me cutucava,
Me sujava,
Me cuspia,
Me mastigava,
Me mijava
Ou me beliscava com dedinhos minúsculos.
Antes de ser Mãe
Eu tinha total controle sobre
Meus pensamentos,
Meu corpo,
E minha mente.
Eu dormia a noite toda.
Antes de ser Mãe
Eu nunca segurei uma criança em prantos para que os médicos pudessem examinar
Ou dar injeção.
Eu nunca olhei para olhos úmidos e chorei.
Eu nunca fiquei gloriosamente feliz por um simples sorriso.
Eu nunca fiquei sentada por horas à noite vendo um bebê dormir.
Antes de ser Mãe
Eu nunca segurei um bebê adormecido por não querer largá-lo.
Eu nunca senti meu coração partir em um milhão de pedaços quando eu não conseguia parar a dor.
Eu nunca soube que uma coisa tão pequena podia afetar tanto a minha
vida.
Eu nunca soube que podia amar alguém tanto assim.
Eu nunca soube que ia amar ser Mãe.
Antes de ser Mãe
Eu não sabia como era ter meu coração fora do corpo.
Eu não sabia como era especial alimentar um bebê com fome.
Eu não conhecia essa ligação entre uma Mãe e sua criança.
Eu não sabia que uma coisinha tão pequena podia me fazer sentir-me tão importante.
Antes de ser Mãe
Eu nunca tinha me levantado no meio da noite a cada 10 minutos para ter certeza que tudo estava bem.
Eu nunca tinha conhecido
O calor
A alegria
O amor
A dor
A maravilha
Ou a satisfação de ser Mãe.
Antes de ser Mãe
Eu não sabia que era capaz de sentir tanta felicidade..."

Como tudo começou ...


Não era para ter acontecido, pois tive uma gravidez maravilhosa, só não deu para ser normal, pois minha ansiedade antecipou um pouco, a Juliana nasceu de 36 semanas, apgar bom, pulmão bom, tudo ok.
No dia seguinte fui embora, não queria dormir mais nenhum dia sozinha no hospital, tivemos alta, acho que comecei errando aí, deveria ficar mais um dia pelo menos. Com a minha inexperiência, com as confusões da minha mãe e a falta de informação da pediatra da equipe, hoje, se eu tivesse parte das informações nada teria ocorrido. Por ela ter nascido com 36 semanas, ficou com açúcar baixo e deu muito sono, ou seja, ela e eu em casa dormimos muito, e ela não pediu para mamar (a Pediatra da equipe disse para eu deixar com ela, a hora que ela quisesse mamar eu dava), quando ela despertou as 8:00 horas da manhã do dia seguinte. Ela acordou aos berros e não conseguia pegar o peito do lado direito, e o esquerdo muito pouco, de 6 em 6 horas, como mamava pouco. Estava sempre berrando, quando estava calma levava para ela tomar sol, mas minha mãe mandava tirar por ser recém-nascida e a enrolava toda no cueiro. Não mamava, daí não evacuava, o que causou icterícia.

Quando ela chorava minha mãe mandava dar Luftal, dizendo que era cólica (cólica, mamães, só depois de 1 mês). Entupimos a Juju de Luftal, diminuímos até as 6 horas. Eu, cheia de dor da cesárea, pedi para meu marido junto com minha irmã e minha mãe levarem-na no posto de saúde da minha rua, pois ainda não tínhamos encontrado um pediatra.

A médica pesou, viu que ela havia perdido mais de 20% do peso e disse que era normal, que ela não tinha nada, só prisão de ventre, e passou glicerina, para estimulá-la, não falou nada das mamadas. Estimulamos e saiu um pouco da evacuação preta, mas depois continuou sem evacuar, mamando pouco e chorando muito.Eu queria me apavorar desde quando soube da perda do peso, mas meu marido não deixou: "a pediatra disse que é normal, não começa".

No sexto dia de vida não aguentei, chorei muito, levamos na emergência perto de casa, e deparamos com um anjo de pediatra, que quase fizemos mais besteiras, a pediatra tirou sangue, deixou ela peladinha para mamar, ela só chorava, resistia ao peito, ela disse: ela tá muito amarelinha, vamos ver a bilirrubina, pois ela está recusando mamar. A icterícia deu acima de 20, que é super perigoso, poderia morrer ou ter lesões cerebrais, deu 23,8, meu pai não queria que a internassem, dizendo que só porque tem plano de saúde, blá, blá,blá.

Então resolvi ligar para a pediatra da equipe e a mesma disse para eu levá-la para casa, para pegar um solzinho, ah, 23,8, é, é. A pediatra da emergência, falou firme, iluminada pelo nossos protetores, que não nos abandonam, "se a Juliana sair daqui hoje, não nos responsabilizamos, ela está correndo risco de vida". Eu e meu marido ficamos chocados, eu só sabia chorar, e decidimos que queríamos que ela fosse internada imediatamente.

Quando ela entrou no quarto, ela mamou um mamadeirão, eu não conseguia nem tirar com a bomba, foram 4 dias de internação, inclusive dia das mães. No primeiro dia de internação voltei pra casa arrasada, cheirava as roupinhas dela, chorava muito, um vazio... Naquele dia não comi o dia todo, neste mesmo dia ela foi transferida, pois o plano de saúde da época não cobria a neonatal daquele hospital, e ela voltou pra onde nasceu. A neonatal de lá, toda a equipe, são maravilhosos, e por ser o dia das mães ganhamos até mensagem com a música "Amor I Love You da Marisa Monte". Contagiante!

Eu ia todos os dias, para dar pelo menos uma ou duas mamadas, pois dependia do meu pai para voltar pra casa, e... Daí eu fui aprendendo, fazendo bico nos seios, e não deixava ninguém se intrometer em mais nada, até hoje, eu decido tudo, já fui chamada de fresca, de que não quero ouvir ninguém, mas também já ouvi pelas mesmas pessoas que sou uma ótima mãe, que surpreendi a todos, tanto que é difícil ela pegar até gripe. E até os seis meses ela só mamou no peito, e largou com 1 ano certinho.

Era um bebê lindo, bem gordinha, hoje com 4 anos, é muito esperta. Vira e mexe falamos nesse assunto com meu marido, e ficamos muito revoltados com tudo, mas no final Deus nos caminhou para um melhor resultado. Tinha que acontecer, isso também aproxima mais, reascende o amor.

Logo depois de uma semana ela apareceu com uma tosse (No hospital o ar-condicionado ela forte, e ela ficava peladinha, de bruços, com os olhos vendados), levei numa outra emergência perto de casa, e o médico disse: "Se ela está tossindo é porque está viva". Acreditam?

Mas já era hora de acharmos um pediatra, a pediatra que é dela até hoje, fez da história da minha filha e da minha para que tudo se encaminhasse direitinho, sempre explicando tudo para mim, mas naquela semana, como ela ainda era recém nascida, apenas 12 dias de vida, ela voltou pra UTI Neonatal, aí foi mais um mar de lágrimas, como mãe sofre. Ficou apenas 1 dia, graças a Deus, não era pneumonia, no raio-x deu apenas um risquinho no pulmão, mas recém-nascido é assim mesmo, internam logo. Aí só nebulizaram, e quando eu a busquei, nossa, a carinha dela pra mim, eu lembro até hoje, tipo: oi mãe, que saudade. TE AMO FILHA!!

Minha Princesa